Homenagem ao meu pai.

"Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos." Salmos 19:1

Naquele tempo o meu céu era azul e a minha vida era mais céu.

 E as nuvens costumavam brincar como carneirinhos correndo soltos ao vento. 
Só faltava mesmo o verde de uma colina qualquer. 

          E ele costumava me acordar antes do nascer do sol para ver os primeiros raios aparecerem do alto do morro. 

E me levava em seus braços para falar com Deus mesmo Eu, ainda sonolenta,
sentia aquela alegria única de ver o mundo amanhecer naqueles braços,
 meu porto. 

Tirava-me da cama, sem coberta e eu era despertada pela brisa
fria da manhã. 

E caminhava comigo ouvido o cocorejar dos galos, 

a doce melodia de mais um dia que chegava.

           E não lembro mais de muitas coisas mais, era sempre assim.

Feliz eu sou por ter vivenciado  aqueles momentos. 

           Tão meu e dele. 

 Eu sorria o riso mais aberto do meu coração em flor.

 Eu sorria a plenitude daquele amor. 

Atravessávamos o quintal e o pé de maracujá ao lado do portãozinho do fundo

 parecia dar até logo.

 E saíamos para desbravar o mundo novo do dia que nascia.    

                                    Eu vestida de inocência, ele despido de ambição.
E chegávamos no morro.

 Ele me erguia para perto do céu e pedia que Deus me abençoasse.

 O sol me abraçava.

 E a vida me intimava a crescer. 

Era meu pai, quem me acordava antes do dia nascer.

 Me mostrava que 
a vida seria assim... 

Sempre.

 Um convite. Uma dádiva.
Inevitável fenômeno. 

E seus braços me guiavam à sensibilidade.

Meu pai, ao som do cocorejar dos galos

 e no primeiros cantaro dos  pássaros, 

me acordava  por amor.

 E o nosso amor foi sempre puro,

extrato, fina essência,o azul de um céu que amanhece.

E até hoje, quando preciso acordar na vida antes da vida amanhecer,
Lembro de seus braços, porto das minhas aflições.
Desperto-me com a brisa fria dos recomeços.
Costumo sorrir plena, repleta de um amanhecer e mais perto do céu. 

  IMAGINE ;
o doce e lindo cenário do nascer do sol, nos braços de alguém que tanto se ama. 
Em especial nosso pai do céu e criador de todas as coisas.